m grandioso e raro espetáculo da natureza está em cena no Rio de Janeiro. Trata-se da floração de palmeiras Corypha umbraculifera, ou palma talipot, no Aterro do Flamengo. Trazida do Sri Lanka por Roberto Burle Marx, autor do projeto paisagístico do parque, ela floresce uma única vez na vida, cerca de cinquenta anos depois de plantada. Em seguida, inicia um longo processo de morte. Os cachos da palma talipot contêm aproximadamente 1 milhão de microflores e ficam no topo da palmeira, formando uma copa de tonalidade castanha de até 8 metros de diâmetro e 4 metros de altura. Nos dois anos que separam essa explosão de flores de sua morte, a palmeira produz uma tonelada de sementes, a forma que a natureza encontrou para garantir a sobrevivência de uma espécie que leva tanto tempo para se reproduzir.
A palma talipot faz parte do estupendo mosaico de espécies criado por Burle Marx em seu maior e mais importante projeto, que levou à frente durante o governo de Carlos Lacerda, no início dos anos 60. Em 1,2 milhão de metros quadrados, numa área que se estende do centro do Rio até o bairro de Botafogo, ele espalhou 16 000 mudas de plantas de 200 espécies, de forma a garantir um parque florido em todas as épocas do ano.
Foto tirada de http://em-algum-lugar-na-net.blogspot.com
Dos cinquenta exemplares da palmeira existentes hoje no Aterro, doze estão floridos – e assim devem permanecer por aproximadamente dois anos. A palma talipot atinge 30 metros de altura, e os leques formados por suas folhas chegam a medir 4 metros de diâmetro. A espécie também é conhecida como "palmeira dos 100 anos", porque em sua região de origem demora cerca de oito décadas para florescer. No Brasil, esse tempo foi reduzido praticamente à metade, possivelmente em virtude das diferenças em relação a seu habitat. Na Índia e no Sri Lanka, a palmeira vive em meio a florestas densas e por isso demora mais tempo para encontrar a luz necessária à floração. No Flamengo, ela foi plantada em área aberta, com grande exposição à luz do sol, e o processo foi acelerado.
Fonte: Revista Veja