Yacon – Smallanthus sonchifolius
O yacon reduz, com eficácia, o nível de glicose em portadores de diabetes.
Comido ao natural, ele tem gosto de pêra. Com um litro de água e uma colher de sopa das folhas moídas, faz-se um chá. Desidratadas, as raízes oferecem um salgadinho crocante. Além do sabor agradável, o alimento possui propriedades antioxidantes e medicinais, sendo utilizado com sucesso na melhoria da flora intestinal, na redução do colesterol e no controle do diabetes. O responsável por todas essas qualidades especiais origina-se nos Andes e chama-se yacon (Smallanthus sonchifolius). Primo do girassol e da chicória, é consumido desde os tempos pré-colombianos. Introduzido no DF em 2000, o alimento virou presença constante em supermercados e verdurões da cidade. A crescente procura tem uma explicação. Pela sabedoria popular, o yacon reduz, com eficácia, o nível de glicose em portadores de diabete tipo dois, que surge com o passar da idade. Tanto que a planta recebeu o apelido de “batata dos diabéticos”, mesmo sem ter parentesco direto com a batata.
O mecanismo pelo qual ocorre o controle da glicose ainda não está claro. Uma das possíveis explicações é que o yacon armazena reservas, não na forma de amido, mas de açúcares conhecidos como frutooligossacarídeos (FOS). De baixo teor calórico, mas sem perder o sabor doce, os FOS atuam como adoçantes naturais. Além disso, como todo alimento rico em fibras solúveis, o yacon torna a absorção da glicose mais lenta. Há dois anos, o médico Gutenberg Tupinambá receita 100 g da raiz, duas vezes ao dia, imediatamente antes das refeições, a pacientes do Centro de Saúde 5, de Taguatinga. “Em 24 horas, a pessoa sente a diferença”, garante o médico, sem deixar de ressaltar que o yacon representa apenas um tratamento complementar. Segundo ele, as pessoas aceitam bem o alimento. “É diferente de propor um remédio”, avalia. Fonte: www.saudenarede.com.br
Mais informações sobre o Yacon
Yacon – alimento ou remédio?
Por: Rose Aielo Blanco*
É interessante observar as duas facetas desta planta: trata-se de um alimento,
mas sua fama é maior mesmo como medicinal
Até meados dos anos 80, o yacon (Smallanthus sonchifolius) era uma planta praticamente desconhecida no Brasil. Parente distante do girassol, com aparência de batata-doce, textura e sabor semelhantes aos da pêra, começou a ganhar notoriedade quando foram descobertas peculiaridades em sua composição química que poderiam ser benéficas à saúde humana.
Esta raiz apresenta elevado teor de água, poucas calorias e, ao contrário da maioria das espécies tuberosas que armazenam energia na forma de amido, o yacon tem como principal carboidrato os frutooligossacarídeos (FOS), que têm se destacado em vários estudos por exercerem atividade bifidogênica, isto é, estimulam o crescimento das bifidobactérias no intestino que protegem contra o efeito de bactérias invasivas e patogênicas.
O yacon é uma raiz tuberosa originária dos Andes que atualmente já é considerada um alimento nutracêutico. Cultivada e consumida desde os tempos pré-incas, desenvolve-se desde a Colômbia e Venezuela, até o noroeste da Argentina, em altitudes que vão de 2 a 3 mil metros. Na língua Quéchua, seu nome origina-se de “yacu e unu” , que significam “água” e de “yakku” que significa “aguado ou aquoso”. Em outro idioma andino – o Aymara – o yacon é conhecido como “aricoma” ou “aricuma” – termos mais utilizados em certas áreas da Bolívia. No idioma Quéchua, esta raiz tuberosa é chamada de “llagon” ou “yacumpi”. Na Colômbia, seu nome – “arboloco” revela a influência hispânica e no Equador seus nomes populares são bem parecidos entre si: “jicama” ou shicama”. Outros nomes pelos quais o yacon é conhecido: “yacon strawberry” (EUA), “poire de terra” (França), “polimnia” (Itália), “leafcup” (Inglaterra). Aqui no Brasil a planta é conhecida como “batata yacon” ou “batata diet”.
Alimentício ou medicinal?
Se for consumido ao natural, o yacon tem sabor de pêra. Desidratado, rende um salgadinho “chips” bem crocante. Pode ser cozido e entrar no preparo das refeições como uma batata comum. Das folhas (uma colher de sopa para um litro de água) pode-se fazer um chá. Além do sabor agradável, atribui-se ao yacon propriedades antioxidantes e medicinais, sendo utilizado na melhoria da flora intestinal, na redução do colesterol e no controle do diabetes.
É mesmo interessante observar as duas facetas desta planta: trata-se de um alimento, mas sua fama é maior mesmo como medicinal. No folclore andino encontram-se referências de seu uso para combater problemas renais e hepáticos desde épocas muito antigas. Na Bolívia, o yacon é usado para controlar diabetes e tratar problemas digestivos. Em algumas regiões do Peru, o yacon é considerado anti-raquítico. No Japão, o chá das folhas do yacon é usado para controlar a diabetes e reduzir o colesterol ruim.
Ao contrário da maioria dos tubérculos e raízes que armazenam carboidratos na forma de amido, o yacon armazena essencialmente frutooligossacarídeos do tipo inulina, ou seja, açúcares que não podem ser digeridos diretamente pelo organismo humano em razão da ausência de enzimas necessárias para o metabolismo destes elementos e são considerados compostos bioativos na alimentação humana.
O yacon apresenta boa quantidades de potássio e em menores quantidades cálcio, fósforo, magnésio, sódio, ferro, zinco e vitamina C. Outro composto encontrado é o triptofano, presente em quantidades médias. Além de nutracêutico, o yacon é reconhecido como o alimento com maior conteúdo de frutooligossacarídeos na natureza. A atividade prebiótica dos frutooligossacarídeos presentes no yacon tem sido associada a efeitos benéficos à saúde como alívio do intestino preso, aumento capacidade de absorção de minerais, fortalecimento do sistema imunológico e diminuição do desenvolvimento de câncer de cólon. Efeitos cientificamente comprovados quando os frutooligossacarídeos são consumidos em dosagens recomendadas.
O yacon ou polínia é muito confundido com a batata-doce (Ipomoea batatas), mas há um detalhe entre eles que faz toda a diferença: a batata-doce armazena amido como principal carboidrato, o que não ocorre com o yacon. A planta, muito rústica e bem resistente à seca, mede de 1 a 2,5 metros de altura. É muito adaptável quanto ao clima, à altitude e aos tipos de solo, podendo ser cultivada com sucesso mesmo em países de clima quente como o Brasil.
Entre 6 e 10 meses após o plantio, a planta alcança sua maturidade fisiológica. É quando as flores começam a desabrochar. A seguir vem a fase de senescência de toda a parte aérea. Entre 10 a 12 meses após o plantio, quando a parte aérea está totalmente seca, é realizada a colheita das raízes tuberosas para consumo e as partes que serão utilizadas como material de propagação para o próximo plantio.
O yacon possui em suas folhas dois sistemas de defesa: uma trama de pêlos que dificulta o acesso dos insetos e uma alta densidade de glândulas. A associação destes dois mecanismos faz com que as folhas de yacon sofram menos ataques de insetos, permitindo seu cultivo sem a utilização de agrotóxicos.
Curiosidades sobre o yacon:
* Sua raiz tuberosa possui sabor semelhante ao de frutas como o melão e a pêra, com polpa levemente amarelada, crocante e aquosa. Quando colhidas, as raízes tendem a apresentar sabor amiláceo, para corrigir o sabor, elas são expostas à luz solar por muitos dias após a colheita, a fim de intensificar seu gosto doce. Esta técnica é conhecida como “soleado”.
* As raízes são consumidas geralmente cruas e descascadas, uma vez que a casca possui sabor resinoso. Outras formas de consumo são a fritura, o cozimento a vapor ou em água.
* Nos mercados locais andinos, o yacon é classificado como fruta e é exposto à venda juntamente com as maçãs, os abacates e os abacaxis, ao invés de serem colocados com as batatas e outras culturas de tubérculos e raízes.
* No Japão, as raízes tuberosas são transformadas em produtos de panificação, bebidas fermentadas, pó ou polpa liofilizada e até picles.
* Rose Aielo Blanco é jornalista e editora do www.jardimdeflores.com.br
Fontes de consulta: http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A44yacon.htm
Revista eletrônica do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Catarina. Valentova K, Cvak L, Muck A, et al.
Antioxidant activity of extracts from the leaves of Smallanthus sonchifolius. Eur J Nutr. 2003;42(1):61-6.ybar MJ, Sanchez Riera AN, Grau A, et al.
Hypoglycemic effect of the water extract of Smallantus sonchifolius (yacon) leaves in normal and diabetic rats. Ethnopharmacol. 2001;74(2):125-32.
ADA – American Diabetes Association – www.diabetes.org